O Prémio Nobel da Medicina de 2008 foi ontem atribuído aos franceses Françoise Barre-Sinoussi e Luc Montagnier e ao alemão Harald zur Hausen pelas suas investigações.Barre-Sinoussi e Montagnier foram escolhidos pela descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) e zur Hausen por ter descoberto que o cancro do colo do útero é igualmente provocado por um vírus, o Vírus do Papiloma Humano (VPH), o segundo tipo de cancro que mais afecta as mulheres. Françoise Barre-Sinoussi, nascida em 1947 e professora no Instituto Pasteur, é somente a 8º mulher galardoada com o Nobel de Medicina.Ela e Luc Montagnier, nascido em 1932 e professor na Universidade de Paris, conseguiram, no princípio dos anos 80, isolar o VIH a partir do estudo de células de um nódulo linfático de um paciente seropositivo com nódulos inchados, um dos primeiros sintomas da imunodeficiência característica da doença."Detectaram actividade da enzima retroviral transcriptase reversa, sinal directo da replicação re-troviral, e descobriram partículas retrovirais a surgir nas células infectadas", lê-se na citação do júri. Depois disso, "observaram que os vírus isolados infectavam e matavam linfócitos tanto de dadores doentes como saudáveis, e reagiam com anticorpos de pacientes infectados". "A importância dos seus trabalhos deve ser considerada no contexto da epidemia omnipresente no mundo e que afecta quase um por cento da população", segundo a citação."O êxito da terapia retroviral permitiu aumentar a esperança de vida das pessoas infectadas com o VIH, esperança hoje semelhante à das pessoas saudáveis", refere.Em 1983, num artigo publicado na revista Science, uma equipa de médicos e investigadores conduzida por Montagnier, descrevia um novo vírus, diferente dos conhecidos até então e suspeito de ser o responsável pela SIDA. Harald zur Hausen, 72 anos, investigador na Universidade de Düsseldorf na Alemanha, trabalhou contra crença ao descobrir que o vírus HPV causa o cancro do colo do útero, este também é conhecido como "assassino silencioso" das mulheres porque geralmente é detectado muito tarde. "Sua descoberta levou à caracterizaçãoda história natural da infecção provocada pelo HPV, e à compreensão dos mecanismos da carcinogênese e do desenvolvimento de vacinas profiláticas contra a aquisição do HPV", comunicado do Comitê Nobel. O prémio, 1,02 milhões de euros, será dividido ao meio, cabendo metade ao investigador alemão e a restante, dividida em partes iguais, aos dois franceses.